segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Juazeiro: "Meu Rio, Minha Vida"!

Gostei do gesto da Prefeitura Municipal de Juazeiro de presentear o nosso Rio São Francisco com atitudes que o preservem. No sábado, foi feito o bloqueio do acesso de carros à margem do rio, impedindo a poluição gerada pelo derramamento de óleo, gasolina e outros produtos químicos provocada por alguns insensíveis ignorantes. Foi derrubada também uma rampa de alvenaria que se prestava a apoiar a lavagem e outros serviços em veículos. Ótimo! Só que no dia seguinte, 04 de outubro – aniversário do Rio São Francisco – deseducados motoqueiros banhavam tranquilamente suas motos nas águas do Velho Chico, provando que são necessárias ações complementares para que o objetivo seja alcançado. É indispensável que seja feito um permanente patrulhamento por parte da Guarda Municipal, Polícia Militar ou seja lá quem for que tenha o poder de coibir e punir quando for o caso. É crime ambiental e como tal deve ser tratado. Aproveito para sugerir que os blocos de concreto que fecharam os acessos sejam utilizados da seguinte forma:

1. Seja destinado um em cada rampa, para conter informações sobre a Lei e, em destaque, o número de um telefone para que a população acione quem de direito para evitar ou punir quem esteja praticando um crime ambiental.

2. Os demais “gelos baianos” sejam transformados em suportes para intervenções artísticas.

Por outro lado, discordo da continuidade da ação de recompor a mata ciliar onde ela nunca existiu. Até onde sei, da antiga Companhia de Navegação – hoje orla nova – até o Angaris, sempre foi porto, área de atracação e estaleiro informal, sem a existência de árvores de grande porte, o que dava a quem observava do cais, plena visão do nosso rio com seus encantos e mistérios. De uns anos pra cá me saíram com essa idéia estapafúrdia de preservar o que não existe. Virou moda levar as crianças para plantar árvores na beira do rio. Sem visão, estão levando essas inocentes crianças a participar da construção de um problema paisagístico com o qual elas terão que conviver no futuro: Juazeiro não terá mais a vista do Rio São Francisco!

Discorda? Quer ver na prática? Vá até o Centro de Saúde do Angaris – antigo Posto do SESP. De lá já não se vê parte da Ilha do Fogo, nem o portão da ponte. Enormes Algaróbas já cobrem a visão. Outras árvores já vão no mesmo caminho.

E agora, fazer o que? Veja o exemplo de Petrolina: deixaram correr solto e na hora que tentaram resolver o problema veio o Ministério Público do Meio Ambiente, o IBAMA, ecologistas e ficou tudo mais complicado.

Acho que do ponto de vista da educação ambiental, seria interesse que as escolas e demais instituições levassem as nossas crianças na orla do centro para repovoar o Rio com filhotes de peixes que também estão em extinção. Seria bem divertido para eles, didático, ecológico e politicamente correto e sem efeitos colaterais, desde que escolhidas as espécies corretas, é claro.

Preservar e recompor a mata ciliar, é uma necessidade inquestionável e inadiável. Não são poucos os clarões que existem ao longo do rio e nas redondezas das cidades em que os alunos possam exercitar a conscientização ecológica contribuindo para um futuro melhor da humanidade.

Poetas, namorados e todos aqueles que se alimentam e se deleitam contemplando esta paisagem – dádiva que Deus nos deu – sinceramente agradeceremos.