quinta-feira, 23 de abril de 2009

O Vaporzinho e a Inconfidencia.


Antes de assistir ao belo espetáculo da Inconfidência, aproveitei para fazer uma visita ao nosso velho Vaporzinho. Quantas historias já rolaram ao seu redor! De quantas inconfidências ele já palco. Foi testemunha de tantas faltas, tantas traições, infidelidades, deslealdades. Tantos segredos indevidamente revelados. Também presenciou, com igual aconchego e atenção, momentos de sinceridade, honestidade, confiança, discrição, confissões de segredo e tantas intimidades, amores, paixões, poesias e boemias sem fim...
A sua importância é tanta que criaram-lhe o Memorial do Vapor Saldanha Marinho para dar-lhe a devida visibilidade. Me dói nas vistas e na alma olhar para aquela muralha construída ao fundo do Vaporzinho. O arquiteto que projetou o Memorial, se preocupou apenas com a estética da sua obra na prancheta e não teve sensibilidade para perceber que criou um ponto cego entre a cidade, o vapor e o rio. Quem passa pelo “buraco de Rivas” após o Banco do Brasil para ir prá “Atrás da Banca”, e quem vem pelo viaduto para pegar a ponte, não vê até certa altura, o Saldanha Marinho nem um bom pedaço da orla. A culpa é de quem encomendou o projeto. Faltou-lhe a visão. Se tivesse tido, não teria mandado executar a obra dessa forma.
O velho Vaporzinho, trazido de tão longe, hoje simboliza de uma maneira bastante fiel e verdadeira a nossa cidade: está sem timão! Imagine um vapor sem o volante com que se manobra o leme! Prá onde vai? Qual a direção que um barco sem leme pode tomar? Qual o seu destino? Aonde iremos parar?
O Vapor Saldanha Marinho é um patrimônio histórico-cultural e, como tal, não pode ser descaracterizado. Não pode, mas foi! Tiraram-lhe o timão e ainda pintaram-lhe o símbolo do município bem grande nas suas laterais. Algo inadmissível por tratar-se de um monumento histórico.
Vamos conduzir as coisas com seriedade. É dever do Município preservar os bens históricos e culturais. É necessário que se conclua a restauração do Vapor Saldanha Marinho, sem nenhuma alteração de suas características. E se não for pedir demais, que tenha o Memorial informações básicas sobre o monumento exposto e a sua história.

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