terça-feira, 28 de abril de 2009

Vamos derrubar o Museu



Acho que a crise da falta de identidade começa a me afetar. Como é mesmo o nome daquela praça em que fica a Igreja de Nossa Senhora das Grotas? Praça da Bandeira ou Praça Imaculada Conceição? Pois é: dias atrás abriram um rombo na fachada, até então preservada, de dois casarões que ficam junto ao prédio da Maçonaria. Uma das últimas fachadas originais na Praça da Igreja. Está com cara de estacionamento ou algo do gênero. Não tem problema. Aqui em Juazeiro tudo pode! O próprio governo não está descaracterizando o prédio da Companhia de Navegação do São Francisco abrindo “janelões de metalon”? Então pode sim!

Os caras derrubaram a “Vila Amália” – aquela casa na Avenida Dr. Adolfo Viana, no fundo da Catedral, que deveria ter sido adquirida pelo município ou mesmo pela iniciativa privada para ser preservada, tal era a sua importância como patrimônio arquitetônico. Tombaram com tudo que tinha dentro. Lustres, mãos francesas, santos, estatuas, relíquias em afresco – Ah frescos! Botaram tudo abaixo e tacaram uma placa de venda na cara do povo, cobrando pelo terreno, R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) a mais do que eles pagaram pela casa com tudo dentro. Ou seja: estão cobrando duzentos mil reais pela dilaceração de um patrimônio nosso. No dia seguinte a destruição, a comunidade demonstrou a sua indignação. A Prefeitura Municipal de Juazeiro se manifestou publicamente através da então responsável pela cultura, dizendo que estava tudo certo e que não havia nada de ilegal. Ou seja: podia derrubar sim, pois não sei quem em Salvador disse que o patrimônio não estava tombado e isso era suficiente para meter um trator em cima da nossa história. Ela merecia mesmo era levar um bom puxão de orelhas pelo descaso com que tratou uma questão que diz respeito ao sentimento do nosso povo. O que aconteceu a ela? Ganhou uma bela promoção! Virou Secretária Desenvolvimento Econômico Social e Cultural do Município de Juazeiro. E o que acontecerá com os mercenários que destruíram o nosso patrimônio? A mesma coisa que aconteceu com quem derrubou a casa de Miguel Siqueira, vizinho a Sociedade 28 de Setembro, os prédios onde funcionavam o “Bar do Hildo” na orla, os restaurantes “Da Cidade” na Praça da Misericórdia, o “Casa Antiga” na Rua Conselheiro Saraiva e por aí vai. Não acontecerá nada. Aliás, parece até que o povo já esqueceu.

Já que quem pode, pode, vou deixar de papo furado e vou logo aos finalmentes: para o bem das próximas gerações, eu proponho a demolição imediata do Museu Regional do São Francisco. Não serve mesmo para nada e futuramente destoará do conceito arquitetônico que esta sendo implantado em nossa cidade. A lembrança de um tempo em que a cidade era esteticamente saudável poderá nos fazer muito mal...


Manezim do Juá

03/06/2008


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