terça-feira, 28 de abril de 2009

Uma garça cheia de graça e talento.

Me bateu no sábado uma vontade danada de viver! Sair, dançar, ver gente. Ver teatro, ver cinema, ou sei lá o que. “Mas, duro, como é que morde?”
O jeito era procurar um programa “de grátis”. Peguei o meu velho carrinho 83 e saí rodando pela cidade. Um olho nas possibilidades e o outro no ponteiro da gasolina. Sabe como é, né?
Vi que o Centro de Cultura João Gilberto estava aberto. Aleluia! Parei e fui ver qual era. Ia rolar um show com uma cantora que eu, na minha santa ignorância, não conhecia. E de graça?! Beleza! Resolvi arriscar, claro. Eram mais ou menos oito e meia da noite. Na porta principal tinha um cartaz informando que o show começaria as oito. Não gosto de chegar atrasado. Acho falta de respeito. Na maioria dos teatros desse mundão de meu Deus, os espetáculo começam no horário marcado e as portas são fechadas. E eu estava em busca da civilização!
Entrei e encontrei o público esperando no salão. Um funcionário do centro de cultura me informou que o show iniciaria às dez. Algumas pessoas realmente chegaram crentes que o horário seria esse. Dançaram. Mais ou menos 9 horas nos mandaram entrar no teatro e nos deram de “presente” o “espetáculo” do acerto do som:

- Alô som! testando! alô, alô! tsssss! sommmm! Alô, alô som!!!

Será que não poderiam ter equalizado o som antes da platéia entrar no teatro?

- Os velhinhos estavam lá em baixo, em pé, esperando. É bem melhor esperar sentado. Disse uma dedicada funcionária.

Certo. Mas precisava o barulho do teste do som atormentando os nossos ouvidos?! E os Velhinhos?! Perguntei admirado! Me chamou atenção porque eles eram a grande maioria da minúscula platéia.

- É um grupo da “Terceira Idade” que foi recrutado após uma missa numa igreja próxima para compor a platéia.

Ótimo! Que venham mais e mais. Eles bem merecem. Nós devemos isso a eles e muito mais. Devemos carinho, cuidado, respeito, atenção...

Mas, aonde está a juventude que também é carente de diversão e arte? O show foi bancado pela Fundação Cultural do Estado. Por que os jovens e adolescentes carentes de recursos e entretenimento não foram convidados? Garanto que eles teriam adorado o excelente show e gerado a energia que faltou para completar a magia da noite.
Qual a desculpa que se tem para as quase duzentas cadeiras vazias num show da mais alta qualidade, gratuito, numa noite de sábado sem outras opções na cidade?

A cantora desconhecida? Mariella Santiago: uma garça cheia de graça e talento.

Voltei para casa triste. Isso não se faz.
Nos perdoe, Mariella.
Ah, Juazeiro!!!

Manezim do Juá.
21/08/2006

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